segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O GALANTE CONVITE DO CAVALHEIRO VENTO PARA A DIVINA DAMA CHUVA


aí chuva, vem dançar comigo,uma só,
não vai doer não,
prometo que não avanço o sinal,
eu sou um cara de bem chuva,
só que eu fico vendo este humanos dançando
juntos em suas festas regadas
sabe como é né, bate uma carência, dá um nó,
a gente sente uma falta , sabe,
e você chuva, uma dama deste quilate
dançando sozinha frequentemente a minha frente,
nunca te vi com um namorado pô ,
é querer demais deste pobre vento, que é gente também,
é criado por Deus, vai pra lá , vai pra cá , vai pra lá ,
vai pra cá, como rebola depois reclamam, a gente vai segurando,
segurando, a gente é gente, cara,de repente a coisa
explode, aí já sabe,
é tornado, pra lá, tempestade pra cá,
cê sabe como é , a gente acaba brigando nestas
horas, eu sou pé de valsa chuva, danço a beça,
você vai ver, chega desta vida
você cai , eu vento, você foge, eu vento
depois vou embora e você fica toda
esmilinguida pela rua , (sem conseguir nem fi-
car de pé), bem caidona mesmo, dá até dó,
e você fica escorrendo pela rua caindo em bueiro,
entupindo tudo, sem ter aproveitado nem
um pouquinho, tá querendo virar
freira, pelo amor de Deus chuva, não consigo
ver você toda de branco, com aquele hábito escondendo
este corpichxo que Deus te deu, de freira você
você não tem nem a beira, com esta sinuosidade,
este jogo de cintura todo vai me enganar,
eu sei que nesta de eu ficar soprando
no seu cangote você fica molhadinha?
vai dizer que é mentira?
Que que é uma dancinha só né
dois pra lá, dois pra cá, e algumas rotações
em torno do próprio eixo? Se você preferir
eu dou de ombros para sua excitação.
Tudo bem que com
a gente as coisas são um pouco
mais grandiloquentes, uma dança nossa
ocupa um espaço considerável mo Universo
e influencia bastante as outras existências
mas nada que inviabilize a graça
e o abandonar-se ao ritmo.
ah, chuva deixa este negócio,
você não tem talento pra Madre Tereza
de Calcutá, vem aproveitar a vida,
uma dancinha só, que tem demais, não é pecado não,
cê não vai reclamar não garanto
pra você a gente já vu tantas fases passarem
nesta Terra não é verdade, primeiro aqueles
cabelos alisados brilhando mais que o sol
em capô de fusca , o pessoal dançando
rock, ieiê, botando pra quebrar, tempos de Grease,
viu o filme{ John Travolta, Olivia Newton John,
se não viu perdeu, filme divertido chuva,
pessoas dançando pra valer,
depois outras fases, cabelos arrepiados, purpurina,
discoteca, globo,luz negra, Bee Gees, a galera
da disco , new wave, volta a brilhantina, que agora se
chama goumex, a gente já viu o pessoal se acabando
de pular em show do Iron Maiden, b52’s, Led |Zeppelin,
Jimmy Hendrix, não chuva, não que uma coisa tenha a ver com a outra
Woodstock, Rock’n Rio, aliás neste dois você castigou a moçada
hein , chuva, você é danada, mas cê acha que eu não
sei, você tava era querendo pular com a moçada
se acabar até o dia clarear, agora faz este doce,
este jogo duro todo, chuva, negócio é o seguinte
eu também não tô aqui pra ganhar atestado
de otário, (até por que quem tem uma queda por
sarjeta é você)
vem dançar comigo (hi, chuva, outro
filme bom, uma amiga viu 14 x,
quando eu fui a fita tava até meio gasta,
os dançarinos cansados)
ou você vem dançar comigo agora
e a gente balança o esqueleto a madrugada
toda ou eu vou cantar em outra freguesia,
mas eu acho melhor você vir chuva,
porque além de eu ser o único bom
partido nesta terra pra uma chuva
(acho até que a gente é alma gêmea),
você também já não é nenhuma mocinha,
com esse desejo recalcado todo é capaz
de você acabar fazendo uma besteira,
perder a cabeça, moço de terno na esquina com
um cravo na lapela, cuidado, populações ribeirinhas,
be careful, pessoal nas encostas, se eu fosse vocês
saia daí correndo-e não adianta ficar fazendo
esta careta não, mas se de repente vocês
virem a chuva rodopiando e desescangalhando
a coluna com o papai aqui conduzindo
debaixo de um ziguilhão de estrelas abismadas
fica tranqüilo, a noite vai ser divertida,
muito além dos mangueirais, muito além dos canaviais,
vou te levar dona chuva, mas depois te trago
de volta, fica tranqüila, mas que eu to cansado
d e ficar só soprando nuvem pro arco-íris dar uma de
gostoso, ah, isto eu tô, de rodar moinho, até de cata-vento
ando enjoado, chuva não tem jeito,
tá na hora do nosso show, eu sei que tu é muito mulher,
e não tenho queda por bolas de sabão,
maestro, música.




sábado, 12 de novembro de 2011

Little Fred


Litlle Fred nunca viu gaivotas,
já viu bumerangues.
Achou que era bumerangue
A gaivota que planava,
“ o design é arrojado,
Mas não deixa de ser
bumerangue”, e voa alto
havia perplexidade.
Bum do bumerangue se deu
Quando se deu conta
Só vai e não volta,
“bumerangue grogue”
Não faz curva,
“nem os bumerangues voltam
mais, dá nome de filme”,
Foi saindo de vista o objeto voador
E Little Fred,
Que só tinha visto bumerangues
Continuou sem ver gaivotas.


PLANETA CHARLIE

a pá por que se passa é um pássaro,
em algumas ocasiões,
quando o ar parece juntar forças
para nos carregar nas costas.
esquecemos de sua direções
Ela deitada enquanto Elkie
acende um cigarro na estrela
a primeira que apareceu
tudo nunca foi tão semelhante
a nada,
não há um rosto no álbum que se identifique
como familiar.
Escusado dizer
que se está na zona de fronteira,
nós, muito próximos de atravessamos
de costa ‘a costa o país sem nome
que nunca conhecemos.
O mesmo que visita nossos
sonhos na hora de maior incrustação da noite
na parede do sobressalto,
mas que nunca retirou o véu que cobre
seu rosto.
No ponto sem tijolos
uma civilização de mini-seres
habita planejando sua revolução
desde há muito.
há muito tempo acham tudo
a volta muito esquisito,
já não suportam mais o que
para eles é uma contundente
demonstração
de falta de princípios,
ainda que em seu
vocabulário
não constem esta palavra
contundente nem esta palavra
princípio para dizerem
isto.
Estão engasturados
de não poderem dizer
tudo que gostariam
ainda que cá para nós
mesmo se dissessem
com todas as palavras
corriam sério risco de não serem
compreendidos.
Por isto querem impor armas
ainda que estas sejam
espécies curiosas
de flor
que exalam um perfume
arbitrário
que extingue tudo
ao redor
que não possua
o hálito de novidade
que sempre há
no planeta de onde vieram.
A estes simplesmente
desintegram.
Aos outros,
os sem verdade,
a estes simplesmente
asfixia
por um prolongamento
das hastes que
ao contornarem o
pescoço
e reduzindo
ao minimíssimo
o espaço entre elas e
a pele impede
qualquer possibilidade de
respirações.
São inclementes estes mini-seres,
e nem imaginam
o tamanho da bomba
que tem em mãos.
Elkie fuma, ela deitada.
Saciado, Elkie,
sem nem suspeitar
do cenário trash
que está por vir, sonolento,
apaga a guimba na lua,
já bastante furada.
O planeta de onde
vieram os mini-seres:
Planeta Charlie.
Já o país é sem nome mesmo.



sexta-feira, 11 de novembro de 2011

AQUA


Muito clara
aquela mão turqueza
dentro da água como um pro
longamento, um tentáculo
da água que escolhia a conchinha mais branca entre
tantas outras conchinhas brancas,
e rosas e vermelhas e verdes
uma mão extraordinária
não só pelo turqueza, mas pela decisão com
que se aprofundava
como se em vez da conchinha mais branca
procurasse a pepita mais dourada,
o diamante mias diáfano e aquela mão era
um céu não só pelo turqueza,
mas pela sensação de estar coberto
por alguma coisa inamomível-
de onde podiam cair os mais incríveis
fenômenos:de água,luz, gelo,
fogo. Por mais que tentasse
o tentáculo, não chegava ao
ponto mais profundo.
Mas o turqueza se acentua
e neste ponto, já e um mundo,
{alguns satélites sutis já
giram em torno{.
E só por agitar a água e provocar,
ao sol impactante,
essas marolas,
iniciando um movimento crespo,
um crepitar aquoso.




terça-feira, 8 de novembro de 2011

UM MINUTO DE SILÊNCIO UM TANTO IMPRECISO


1

Eu vivo num mundo
em que as pessoas
acham importante
o fato de um jogador
de futebol sorrir
durante um

MINUTO DE SILÊNCIO

numa partida de
futebol
foi só um sorriso
um sorriso silencioso
e as pessoas responsáveis
por postar notícias
no Yahoo!
acham que ele transgrediu
a moral
porque estava lá
a notícia
eles acharam isto
importante
eu vivo
num mundo em
que acham que é
notícia um
homem sorrir
silenciosamente
durante um MINUTO
DE SILÊNCIO,

não sei exatamente
o motivo
do MINUTO DE SILÊNCIO
porque não me dei
ao trabalho de
ler a matéria na íntegra
apenas para possivelmente
descobrir que
as pessoas responsáveis
por postar notícias
no Yahoo acham
importante
um jogador de futebol
sorrir durante um
MINUTO DE SILÊNCIO
mas considerando
que o MINUTO DE SILÊNCIO
foi conseqüência
da morte
de alguém que as
pessoas que
organizaram a partida
consideram imp-
ortante o homem
poderia estar apenas
pensando
em algumas
reminiscências
bonitas do morto
o que seria uma
homenagem póstuma
ainda mais significativa
que o MINUTO
DE SILÊNCIO
,
mas eles
estes que postam
notícias no Yahoo
só consideram
o silêncio do minuto
e pensam que
um sorriso silencioso
desrespeita o MINUTO
DE SILÊNCIO

eu não sei
o que estava se
passando
exatamente
na cabeça dele
e não gostaria
de considerar
este sorriso
tão importante
como fazem
as pessoas que
postam notícias
no Yahoo
tão importante
pelo viés da condenação
que me parece
ser o teor da matéria
mas eu me permito:
e se naquele
exato momento
do MINUTO DE SILÊNCIO
um mosquitinho
estivesse zunindo
no seu ouvido.
O jogador não
quer desrespeitar
o MINUTO DE SILÊNCIO
e então não faz
nenhum gesto
mais avantajado;
só lhe resta sorrir
do irônico da situação-
porque só no futebol
pode acontecer
de um mosquitinho
perturbar o ouvido
de um jogador
em pleno MINUTO
DE SILÊNCIO
e este sorrir
provocando
o interesse das
pessoas que postam
notícias no
Yahoo.
O homem poderia
estar apenas
sorrindo
da maneira
graciosa com
que um mosquitinho
transgride
um
um MINUTO DE SILÊNCIO,
em completo anonimato
iludindo até
mesmo as atentas
pessoas que postam
notícias no Yahoo.

2

De minha parte
achei
mais importante
o fato de um jogador
sorrir aparentemente
sem motivo algum
especial
ainda
com o cenário jogando
contra ,
achei importante
o sorriso do jogador
num mundo
que nos oferece
tantos motivos
para a realização
de MINUTOS DE SILÊNCIO.
E nem o argumento
que alguns céticos
poderiam usar de que
é fácil
para um jogador
de futebol
sorrir uma vez
que todos sabem
que a carreira
de jogador rende
muito dinheiro
me parece ser muito
apropriado
uma vez que este
jogador especificamente
não joga num grande
centro do futebol
(me pareceu da Romênia
o que não posso confirmar
já que não me detive
na matéria tempo
suficiente para cristalizar
a impressão)
e mesmo que jogasse
no Barcelona ou Real Madrid
isto não diminui
o fato de ter sorrido
num momento
em que as coisas jogavam
contra num mundo
em que comumente
as coisas não jogam
a favor do sorriso
Assim me pareceu
brilhante um sorriso
luminoso num momento
de luto, um sorriso
silencioso cujo
único barulho pode ter
sido lembrar as pessoas
que elas não tem dado
muitos sorrisos gratuitos
ultimamente
O que já é motivo
suficiente para mais
um MINUTO DE SILÊNCIO.
Achei importante
o drible antes mesmo
de começar o jogo
não se deixou congelar
pelo MINUTO DE SILÊNCIO
e ainda assim
não o transgrediu
Se foi este o viés
da matéria ,então,
parabéns aos
senhores responsáveis
por postar notícias no Yahoo.
E me desculpem os mesmos
senhores pelas reflexões
precipitadas e também
por eu não ir
conferir para
saber se foi
exatamente este
o viés considerado
pelas pessoas que postam
notícias no Yahoo
.







PÓLEN


um couvert: passou antes do previsto
e já
se sabe as coisas terminam
cedo
demais
mais vezes do que gostaria,
o tempo
veja agora
ganhando outra dimensão
‘a medida que
enrolo nos dedos
estes cachos perfeitos
do seu cabelo,
que retornam fulminantes
devolvendo ao olhar a
graça isto acontece
com uma razoável
cotidianidade
quando observo
borboletas estrondosas
circundando
flores entregues
foram feitas
para isto parecem
além de
também proporcionar
ao olhar
uma de suas
mais nobres apreciações
é de nascença
esta predisposição
ao transporte de pólen
veja, quando
agora trazemos
as palavras que pulam
e uma: pronto, pegamos
e agora trançamos
uma sequência
plausível
de modo a preservar o
encanto do
encadeamento.
E pronto
já somos
seres
antes tão atarefados
e ocupados com o ramerrão
agora
tão semelhantes a borboletas
estrondosas,
è preciso este fenômeno
diante de nós,
como quando
observamos
coisas pequeninas
como um pó
bailando iluminado
por raios de sol
numa manhã
e nos lembramos
que podemos ser
leves, ou
quando vemos
uma folha de coqueiro
balançando
e nos damos
conta que podemos dançar,
e nós não estamos
tão enraizados
na terra como
a folha no
tronco do coqueiro,
seria mais fácil para nós,
ainda que o vento
não nos chacoalhe
tanto
(muita coisa pode
assumir este papel
de flor,
o pólen vindo
de onde menos se espera
oferece espetáculo)
o tempo
ganha outra
dimensão,
e meus dedos
parecem ter
o comprimento
perfeito
para o afeto
pretendido,
cada cacho
ganha uma
nova densidade
ao espaço
pulo de cacho
em cacho
até que não
resta mais nada
a não ser observar
como tudo
dentro vai parando
como se este
interior
a esta altura
(é patente)
potente
viesse (surprise)
equipado com
freios ABS.
Restam apenas
os cachos e o
enrodilhamento:
sensação de que tudo
deveria sempre assim
ser.



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

ELEVAÇÃO


sempre preocupada com sempre
preocupada a elevação é o mais importante
sempre pensa na elevação
digo:parece coisa de ascensorista, que coisa
sim você sabe muito bem
você sabe mais que 1 2 3
se sucedendo no painel do elevador
sua elevação embora tenha luzes
mas você não puxa conversa
Nem fala da vitória do seu time
você não tem que agüentar
os odores , sua elevação é exemplar
em aromas sua elevação sua sua elevação
sua elevação sobe e te leva pra cima
você nunca pensou que sua elevação
pudesse cair no poço você caiu no poço
sua elevação te leva leve leva
você leve sua elevação já parou sem dor
no meio do caminho entre dois andares
mas sabia você parou não o elevador.
você está subindo, sem dúvida vejo
você está subindo, indo além pro
céu esta elevação estenda a mão
elevadores tem limites, já você veja.

domingo, 6 de novembro de 2011

NEW TIME

Durante: quantos Niágaras
atravessamos tangentes
e não apreciamos o espetáculo
porque o medo estava
lá numa torrente ainda mais poderosa
a água caindo e nós caindo
antes- mesmo nós- para quem a água
sempre foi encantadora o bastante
para atrair nossa atenção- mesmo que
no momento anterior a mais difusa-esta manhã
parecia diferente, tudo parecia diferente-
não havia perceptívelmente um caminho
a percorrer- portanto nada que levasse
a crer um acidente como uma catarata
mas- nós nunca devemos menosprezar a possibiidade
de um mas no meio das coisas- tentamos ouvir
New Order da mesma maneira que ouvíamos
há dez anos- estávamos sorridentes- ligamos
nossos i pods e intentávamos que aquilo nos mexesse
como já nos mexeu-dez anos não parecem tanto assim-
as notas as mesmas acordes arranjo-
em alguma cidade deve haver uma pessoa querendo
ouvir Beatles da mesma forma, REM, sei lá,
pode ser que não estejamos tão sozinhos- é, ‘as vezes um mas
é um mar: e de repente (tinha que ter um de repente nesta
história) estava lá, a queda d’água que para nós era
um precipício, um prepúcio inexorável, um desplenilúnio,
agora a boca aberta, a catarata abrindo a boca-
enquanto o espetáculo queria se dar
a cm de nós, nós que se estivéssemos a pelo menos 200
metros estaríamos encantados e considerando
aquilo o maior fenômeno observado até então-
e de repente (mais um) a glote, badalando
e logo atravessamos ao lado e nem isto conseguiu
separarmos passamos colados e apavorados, unidos
e contorcidos, nocauteados e irrepreensívelmente juntos,
agora enquanto, descemos um esôfago absolutamente escuro
nos damos as mãos, nenhuma manhã foi capaz de nos
deter- e na descida-sabemos, todo santo ajuda-
não seria agora que nossos desejos mais perfeitos
se espatifariam, não seria agora que... , alguma coisa
não funcionou da mesma forma na audição,
mas isto não significa que estejamos acabados,
nossa extinção está a meio caminho e antes ainda
pode pintar muitas coisas- e antes ainda pode
causar espanto, espanto de coisa admirável e não
mais por terror ou qualquer teimosia, não é teimosia
o que nos faz prosseguir, nem precisamos querer
que tudo seja como antes nós não somos como
antes , o fato de estarmos sumindo
paulatinamente não impede que apreciemos
as old&good bands, ainda que elas se assomem
hoje como algo novo, New Order hoje ainda pode ser apreciado-
ainda que pudesse ter outro nome-
ainda nos mexe, ainda que esta massinha ao som
ainda hoje empolgante pode dar em outra forma-
não necessariamente algo como um trepidante -
tiranossauro- mas fazendo das coisas que não estão
mais também motivo de esplendor- uma massinha animada-
destas que sempre nos surpreendem, uma mão dançante,
tecendo com o fio de nada uma limusine azul-
vidros blindados-
nos conduzindo ao amém do amor.



PRINCESA


uma princesa dissonante com pressa
me esquece em algum lugar
semelhante a ‘a cavidade das axilas.
Estou de olhos vendados.
portanto não poderia saber
onde estou a não ser pelo cheiro
e há um, cheiro de desodorante ruim
e por isto sei que estou em algum
lugar semelhante ‘a cavidade das axilas,
sinto saudades da princesa
e nem a raiva que sinto por ela ter
me abandonado de olhos vendados
em lugar tão fétido a ameniza
a saudade parece romper qualquer
limite razoável e nunca penso nela
como uma besta desprezível e sim
como aquele ser desconcertante
desconcertante para um ser tão
radicalmente humano como eu
diante da garantia que um outro
ser ‘a minha frente pode ser mais leve
que o ar, sim nunca penso nos
dentes mefistotélicos que certamente seriam
cravados em minha lúcida insolvência
se desse mole e tão somente nos
ângulos langorosos da coroa que
brilha em todas as possibilidades
do ouro. Sem dúvida tenho todos
os motivos para odiá-la, para imaginar-me
jogando-a de cima da ponte Rio Niterói
em seu ponto mais elevado, para
esquecê-la definitivamente enquanto
ela, a princesa imarcescível, é comida
lentamente pelos peixes 1ª medida que
os carros passam velozmente sobre o vão,
mas fizesse isto,não a esqueceria os
peixes não comeriam meus pensamentos
e eu talvez pensasse em me jogar
também do alto da ponte,
fico imaginando (ah imaginação)
o que teria levado esta princesa
a me deixar neste lugar tão fétido
e me intriga a maneira com que
me levou para tal lugar sem que
houvesse resistência de minha parte, que
eu que no mínimo possuo o dobro de seu peso
me deixando dominar por esta magrela
encantadora, como, que espécie de sonífero,
que golpe inesperado, que porrada
teria levado para estar agora nesta
constrangedora situação, eu bato, a princesa
não volta, nem sinal, eu bato bato e bato
no que parece ser a pele
deste lugar semelhante ‘as axilas
mas os braços não abrem e nem
sinal de banho, nem sinal de banho,
o amor, este o golpe, como dói,
o amor que sequer aconteceu.



A LÓGICA DO VENTO E DO ESPÍRITO

Sem mais nem menos
você soltou,
“foi mais fácil para a humanidade
perceber o vento, a folha
da palmeira balançava,
a palmeira não produz movimentos
próprios,
ou pelo menos movimentos próprios
ao alcance da visão humana,
a lógica apontava
para algum fator externo
responsável por seu balanço,
alguma coisa que não se via,
mas existente, balançava a folha da palmeira,
era mais fácil acreditar nisto,
em algo invisível balançando
a folha da palmeira do que
na palmeira produzindo seus próprios
movimentos como uma pessoa
num adeus,
ao fator responsável pelo movimentos
da folhas da palmeiras e também dos
moinhos e também dos cabelos
compridos deu-se o nome de vento,
já com o espírito foi mais difícil,
( a ordem das casas da rua
neste instante parecia incorruptível)
não havia nenhuma folha de palmeira balançando
no corpo do homem,
não havia nenhum movimento
que pudesse presumir o fator
que o produzisse,
todos os movimentos se davam no interior,
no interior”, você diz
aumentando o corpo das letras da afirmação
aponta para si mesmo
como se o exterior fosse o interior,
logo você concluiu
pude ver
fogos de artifício saindo do em torno
de um letreiro de neon
onde se lia ”o espírito é mais invisível
que o vento”,
só não entendi porque você não
iniciou sua exposição
pelo fim
teria entendido perfeitamente,
teríamos feito o restante do trajeto
num nada desprezível
silêncio.

MOTO BOY

Centro de Sampa,
Um moto-boy
retira do bagageiro
Um cartaz amassado :

_Vem , acredita.
A moça duvida
A vida tem pressa
Ela não para

Não está nem aí.
A mina avança
Na Paulista,
Ela procura um

amor de verdade,
Um amor que não seja apenas
Sacanagem,
Sincero,

Um amor que dispensasse
ultrapassagens,
competições bobas
em pleno trãnsito, pegas,

queria só um amor que a pegasse,
de verdade,
sem precisar de subsídios outros que não
fosse um bom beijo na boca,

que não fosse só sacanagem,
saca, um aperto, um amasso
que não fosse só sacanagem
um convívio,, comunhão,

um amor que não produzisse ,
tanta fumaça tantos poluentes.
Em meio ‘a tais exigências,
A moça passou batida

Pelo segundo cartaz:
_Vem , acredita,.
Deu de ombros,
Nem era com ela,

Queria tão rápido o amor,
Que nem percebeu ele chegando no retrovisor.
Talvez por sua idéia de amor meio retrô,
Ela não acreditasse ser possível,

Que ele aparecesse aqui,
Em pleno 2010.
_Vem, acredita
_Vem, acredita
_Vem acredita

Surgiam moto-boys
Por todo lado
Marimbondos marombados
Ferrões moribundos


Ela acreditava
Que amor-perfeito
Era mais que uma flor
Ela acreditava

Que vida bela
Não era só coisa de novela .
De tanto duvidar da vida
Ela não via a dádiva.

Mas aí não teve jeito.
Olhou para cima e viu o princípio.
O princípio bastou,
E subiu.

Na pele prateada
Do caminhão
Estava tatuado
Um coração.

Parece até bobagem,
Mas ela não queria
Só sacanagem.

Ela olhou para cima
E viu o princípio.

Janis Joplin era seu apelido
E isto também estava escrito
Na pele do caminhão.


Na pele do princípio
Havia um Charlie Chaplin.

Rimavam a menina
Que tinha o apelido de Janes Joplin,
E o princípio que tinha um tatoo
Do Charlie Chaplin.

Ela se lembrou de Tempos Modernos
E já estava achando que aquela
Estória estava mesmo com algumas
Engrenagens camufladas.

Ela subiu no caminhão
Apoiada pelas
Mãos de 15 moto-boys.
Não disse nem oi.

Beijou o princípio
Viu estrelinhas
Ouviu sininhos
E tudo era mais ou menos como tinha
Sonhado.


Só que agora era realidade.

_ Como é que você armou
Tamanha revolução?

-Eu não armei.
Só amei.
Nunca duvide do coração
De um moto-boy.

O princípio já era
Príncipe

Enjoy,baby,enjoy.






MUDADA
O CONVENTO


Os talheres de ouro depositados por mãos
desconhecidas, ao lado o prato. E a voz- cinqüenta
anos de prazeres sobre a terra. E a seqüência
raciocina mais ou menos como raciocinaria
um ser - humano da média, duas mulheres aguardam
sua vez de transar com o homem dos cinqüenta - anos-
de prazeres sobre a terra, este imperecível que se encontra
no interior de uma pequena área separada do resto-
do que seja lá o que for que seja- enquanto, há desmaios e
e orgasmos sem nenhum contato se pele sobre pele-
apenas memória e a prospecção do que poderá ocorre
dentro da cabine separada por biombos onde estrelam ameixeiras
brancas e vermelhas, uma de cada lado do rio-caminho
enquanto, gritos, gritos e mais vem do interior-
e é aí no que pode-se chamar de batismo nas práticas
ergue-se a voz – uma outra- dizendo, alto lá Milionário
e Zé rico, cáspite,devem, zelar pelo critérios na escolha
destas fitas, ó irmãos, encerra assim a sessão no interior
do convento o comandante-em- chefe- do- cuidado-espiritual,
pessoas e um além-gente começam a deixar o recinto,
imprecações e gestos um pouco indignados, misturam-se
a uma evidência de ocultamentos e a voz, outra , não
se pode passar um filme deste num lugar como este, sim,
principalmente para pessoas como nós, voz,não.




RILKE-SCREAM

Pantera ‘a parte,
Sob fundo branco

O que percebo:
Superfície de lagoa

Gingante, malandrosa,
Mais a frente,

Gigante, a lagoa mostra
os dentes afiados.

Não dá pra blindar do medo.
Melhor parar de brincar.

Pantera ‘a parte,
Sob fundo negro

O que percebo:
Noite selvagem,

Mais a frente,
Abre-se a boca

Cheia de pontas de
estrelas afiadas.

Um pouco abaixo da testa
Duas bolas de gude,

Amarelas e atemporais,
Esperam peteleco.

QUANDO EU ME SOLTAR, QUANDO SERÁ JÁ

Quando eu me soltar,
uma nuvem descerá do céu fará a dança
do ventre bem a minha frente ou nem descerá.
fará um espetáculo gratuito
coletivo, para quem quiser ver. Quando eu me soltar
de vez o vento, irá ventar na direção contrária,
as ondas cairão por trás, a chuva correrá de pé.
primeiro instante da vida será a morte,e
caminharemos passo ‘a passo, (e não sem expectativa)
em direção ao nascimento. Que também
terá choro: sensação de desalojamento.
Nem é preciso dizer. Mas digo ainda assim.
Quando eu me soltar de vez , não have-
rá mais cola debaixo da minha sola
e o,passo, ah, o passo, se é que isto não, isto não
pode se chamar de passo. Fluirei finalmente, para sorrindo,
pela primeira vez de verdade,
admirar as copas das árvores lambendo o chão,
e suas raízes, irresistíveis, serpenteando até
as nuvens.. Nem é preciso dizer. Mas digo,
Quando eu me soltar de vez,
Quando, quando,este quando,
A escuridão caminhará
lentamente,de mãos dadas com o claro,
as coisas estarão um pouquinho fora do lugar,
e ninguém verá nisto bagunça,
as cordas desatarão os nós, ninguém mais morrerá
enforcado,
quando eu me soltar, não será mais quando
quando eu me soltar:quando será já:quando
eu me sol, já.


MERENCÓRIA INFÂNCIA

’a Ricardo Domeneck


_Nem a minha infância é
Isenta de ruídos:

_ diz o soldado raso atrás da trincheira,
Observando ao longe aero-naves inimigas,
Enxame de mosquitos ainda
Mas se aproximando para um novo ataque .

_ nem na minha infância posso
me entrincheirar com toda a segurança._
Nem em minha infância posso dormir
sem a ameaça sobrevoando a minha cabeça.

As aero-naves se aproximando cada vez mais.

Ele , o soldado –raso cada vez mais profundo,
Buscando em si mesmo alguma trincheira
Mais segura, as aeronaves inimigas produzindo suas primeira vítimas,
O já costumeiro cai um prum lado, outro pro outro,
“Como é que eu vou me safar” ,
Ele completamente agachado, íntimo do chão, uma pedra,
Sem o movimento nos pulmões, mesmo o coração silencia, apesar da tensão,
Ele, o soldado raso, cada vez mais profundo, buscando uma alternativa,
uma brecha uma frincha para se enfiar, inseto arredio,
ameaçado por jatos de inseticida por todos os lados:
pensa nas canções de sua adolescência, na primeira namorada,
na primeira vez que foi a um estádio, mesmo a morte tem sua primeira vez e última,
e esta oportunidade parece se aproximar a passos largos,
a infância, Meus Deus, na infância deve haver um local leitoso, incontaminado, virgem,
e agora, ele, o soldado-raso, cada vez mais profundo, trabalhando em sua memória
como uma máquina exploradora de petróleo, agora exclama:

_Nem na minha infância, estou livre destas malditas aeronaves.

Cai mais um pino de boliche.



INTERJEIÇÃO SEM MOTIVO ALGUM


ual , alguém me disse uma vez que sempre
sonhou escrever um poema
que se iniciasse com esta interjeição,
e disse mais que esta interjeição não estaria
se referindo a nada em específico,
apenas um ual curto e sonoro
sem nenhum motivo nada que pudesse tê-lo causado
nenhum fenômeno extraordinário
como por exemplo a lua roída por súbitos
escaravelhos vermelhos,
ou a morte banida da face da terra,
apenas ual
sem nenhuma excentricidade
que não fosse apenas o som ual
alguém me disse e estou quase me lembrando
está na ponta da língua está
sem nada que merecesse o adjetivo fantástico
nenhum peixe que engolisse todas as estrelas de uma vez
e depois as expelisse também de uma vez num pum
um ual sem rosadas bailarinas se equilibrando na borda
do cálice para depois caírem uma a uma
e morrerem afogadas em vinho tinto
após spacat aéreo
um ual solitário, fora dos longos
encadeamentos de causa e efeito
sem nenhuma palavra intimidadora
como lardijabaláceo, lutjanídeo, ludâmbulo,
ou lual onde elefoas vitaminadas dançam ula-ula
com colares havaianos no pescoço
e surfistas elefantes por sua vez consomem marijuana
e detonam melancias inteiras, não,
apenas ual, sem nada que não fosse
sua própria existência
seu existir por si só, acho que foi mais ou
menos isto que disse o, pera aí,
está na ponta da língua, ainda
me lembro daqui a pouco, mar, ma , Mark ,
algo assim só não sei , devo pensar a respeito,
se esta pessoa sonhou terminar o tal
poema também com a não histórica, ultra-vital,
,sonoríssima interjeição ual.
.








veio vindo como vinha vindo o som do mar


chegou como chegaria qualquer palavra
dita ao meio-dia:chegou como
como se chega normalmente:

os estalidos nem eram tão personalíssimos.
“ele está na Realidade Paralela.”

Ele era eu, i didn’t have any douts

Pensei em Bomb, pensei em
Why i’m not a painter,
coisas que me levavam a outros lugares- nem isso.

Soava ainda pouco paralelo.
a realidade há volta pouco paralela,
em frente ao mar do Arpoador,
o sol tomando fôlego para submergir.

Por que eu? como verniz de coisa inevitável,
veio. Foi depois do beijo, quase caímos tontos,
talvez tenha a ver com amor.

a estampa do halterofilista estilizado
também acenava, mesmo a alma definida,
na camiseta branca do
rapaz .

Foi logo antes de ter pensado em força.
Sincronicity, diria The Police.
Ou Jung.

talvez tenha a ver com amor.

“Devo alertar a moça da lavanderia
estando em algum bolso,
exigirei devolução.”

em frente ao verde,
debaixo do azul, ao lado do rosa vespertino,
sigo , por enquanto,
transversal,
mas na direção certa:espero.

Talvez seja só uma questão do modo certo
de olhar. Abrir o olho. Deixar a luz entrar.
Como se fosse por uma simples janela.

sábado, 5 de novembro de 2011


CAPA E ESPADA

Uma estrela bizantina enlanguesce
os corações que se amalgamam
em torno de sua intempérie. Mas
os azuis e um exército de Asterix entram
em órbita em torno de um asterisco.
damas ignominiosas
limitam-se a levantar as dobras das saias.
ânsias aumentam, de sobressaltos
e efígies intensas. o amarelo
descrepulariza-se, ante o fascínio de diásporas negras.
e as imensidões que organizam em torno
do núcleo de auréolas condensadas,
tem em suas superfícies um brilho
de cena atroz.
São os atos que nos tingem,
as entoações que nos distinguem.
Há uma ciranda de luas querendo nos
impressionar, mas há apenas para nós,
o toque a um passo do silêncio destes
passos que damos na direção
do descompasso,
esta aresta volumosa no design
previsível de determinadas
coisas belas.
,




UMA FOLHA EM BRANCO


Uma folha em branco

era mais uma folha em branco

na pilha de folhas em branco do

escritório de advocacia.

Folha em branco: logo meu

destino estará traçado e será o mesmo

destino de todas as folhas em branco

virarei provavelmente uma petição,

transitarei pelas esferas devidas do direito,

nenhuma surpresa tantas folhas em branco por

ai que tiveram boa sorte destinadas a poemas,

ai que inveja, até mesmo os guardanapos,

meu Deus, os mais vagabundos, servem

de veículo para declarações de amor fulminantes.

E eu aqui, a cada dez minutos subindo uns degraus

nesta pilha, não propriamente pelo meu esforço

mas pelo sumiço das outras.

e ninguém garante que eu não vá parar nas mãos

de um incendiário)

Esta incerteza, claro, aumenta a ansiedade.

E mesmo sabendo

que poderia ser pior, poderia ser, sei lá, um papel

higiênico, um Neve da vida, servido em bandejas

pelas mãos de um Alfredo,

nem isto tira o marasmo

desta rotina

eu estou mofando nesta pilha

e não há nenhuma perspectiva

de mudança, a única solução é ir pela janela.

Mas não para o suicídio. Pelas mãos de um travesso

qualquer que entre, uma criança, que faça

de mim uma gaivota , e me lance . Acredito em milagres.

E que não vai estar chovendo neste dia.