domingo, 6 de novembro de 2011

INTERJEIÇÃO SEM MOTIVO ALGUM


ual , alguém me disse uma vez que sempre
sonhou escrever um poema
que se iniciasse com esta interjeição,
e disse mais que esta interjeição não estaria
se referindo a nada em específico,
apenas um ual curto e sonoro
sem nenhum motivo nada que pudesse tê-lo causado
nenhum fenômeno extraordinário
como por exemplo a lua roída por súbitos
escaravelhos vermelhos,
ou a morte banida da face da terra,
apenas ual
sem nenhuma excentricidade
que não fosse apenas o som ual
alguém me disse e estou quase me lembrando
está na ponta da língua está
sem nada que merecesse o adjetivo fantástico
nenhum peixe que engolisse todas as estrelas de uma vez
e depois as expelisse também de uma vez num pum
um ual sem rosadas bailarinas se equilibrando na borda
do cálice para depois caírem uma a uma
e morrerem afogadas em vinho tinto
após spacat aéreo
um ual solitário, fora dos longos
encadeamentos de causa e efeito
sem nenhuma palavra intimidadora
como lardijabaláceo, lutjanídeo, ludâmbulo,
ou lual onde elefoas vitaminadas dançam ula-ula
com colares havaianos no pescoço
e surfistas elefantes por sua vez consomem marijuana
e detonam melancias inteiras, não,
apenas ual, sem nada que não fosse
sua própria existência
seu existir por si só, acho que foi mais ou
menos isto que disse o, pera aí,
está na ponta da língua, ainda
me lembro daqui a pouco, mar, ma , Mark ,
algo assim só não sei , devo pensar a respeito,
se esta pessoa sonhou terminar o tal
poema também com a não histórica, ultra-vital,
,sonoríssima interjeição ual.
.


Nenhum comentário:

Postar um comentário