domingo, 6 de novembro de 2011

PRINCESA


uma princesa dissonante com pressa
me esquece em algum lugar
semelhante a ‘a cavidade das axilas.
Estou de olhos vendados.
portanto não poderia saber
onde estou a não ser pelo cheiro
e há um, cheiro de desodorante ruim
e por isto sei que estou em algum
lugar semelhante ‘a cavidade das axilas,
sinto saudades da princesa
e nem a raiva que sinto por ela ter
me abandonado de olhos vendados
em lugar tão fétido a ameniza
a saudade parece romper qualquer
limite razoável e nunca penso nela
como uma besta desprezível e sim
como aquele ser desconcertante
desconcertante para um ser tão
radicalmente humano como eu
diante da garantia que um outro
ser ‘a minha frente pode ser mais leve
que o ar, sim nunca penso nos
dentes mefistotélicos que certamente seriam
cravados em minha lúcida insolvência
se desse mole e tão somente nos
ângulos langorosos da coroa que
brilha em todas as possibilidades
do ouro. Sem dúvida tenho todos
os motivos para odiá-la, para imaginar-me
jogando-a de cima da ponte Rio Niterói
em seu ponto mais elevado, para
esquecê-la definitivamente enquanto
ela, a princesa imarcescível, é comida
lentamente pelos peixes 1ª medida que
os carros passam velozmente sobre o vão,
mas fizesse isto,não a esqueceria os
peixes não comeriam meus pensamentos
e eu talvez pensasse em me jogar
também do alto da ponte,
fico imaginando (ah imaginação)
o que teria levado esta princesa
a me deixar neste lugar tão fétido
e me intriga a maneira com que
me levou para tal lugar sem que
houvesse resistência de minha parte, que
eu que no mínimo possuo o dobro de seu peso
me deixando dominar por esta magrela
encantadora, como, que espécie de sonífero,
que golpe inesperado, que porrada
teria levado para estar agora nesta
constrangedora situação, eu bato, a princesa
não volta, nem sinal, eu bato bato e bato
no que parece ser a pele
deste lugar semelhante ‘as axilas
mas os braços não abrem e nem
sinal de banho, nem sinal de banho,
o amor, este o golpe, como dói,
o amor que sequer aconteceu.



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